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Guilherme Favaron

Como encontrar o equilíbrio entre velocidade e flexibilidade: hard-code, low e no-code explicados

Atualizado: 8 de jul.

A analogia da hamburgueria, criada pelo Renato Asse, ilustra bem os trade-offs entre desenvolver um aplicativo do zero (hard code) versus utilizar plataformas low code e no code. Construir uma solução do zero, como criar gado e plantar trigo para fazer o pão e hambúrguer da sua hamburgueria, permite total controle e customização, porém demanda muito tempo, conhecimento especializado e investimentos contínuos.


Uma complexidade equivalente impacta no desenvolvimento de aplicações. É necessário selecionar as tecnologias adequadas, arquitetar a solução, codificar todos os módulos, integrar bancos de dados e APIs, além de lidar com deploy, atualizações, monitoramento e segurança.


Um desenvolvedor precisa estudar por anos para dominar uma linguagem de programação como JavaScript, Python ou Java e seus frameworks associate para construção de aplicativos web e mobile, como React, Angular, Django ou Spring. Além disso, é preciso conhecimento de bancos de dados SQL e NoSQL, ferramentas de CI/CD, containerização com Docker, Kubernetes, e muito mais.


Depois de desenvolver o código, é um desafio escolher onde hospedar o aplicativo. Opções como AWS, Google Cloud e Azure oferecem recursos poderosos, porém complexa configuração de máquinas virtuais, balanceamento de carga, auto-scaling. Ferramentas como Heroku e Netlify simplificam o deploy, mas podem limitar flexibilidade.


Outro grande desafio é a integração com sistemas externos via APIs. É preciso pesquisar, testar e configurar a melhor forma de se conectar a plataformas como Facebook, Google, Slack ou mesmo outros aplicativos internos. Autenticação e autorização tornam-se complexas.


Quando o aplicativo cresce e ganha muitos usuários, é preciso escalar a infraestrutura para manter performance. Também surgem desafios de monitoramento, registro de logs e notificação de erros em tempo real. Análise de dados para tomar decisões de negócio se torna crítica.


E claro, segurança é uma preocupação constante. É preciso implementar práticas recomendadas de OWASP, TLS, autenticação, autorização, proteção contra ameaças, entre muitas outras. Vulnerabilidades surgem a todo momento e precisam de correção imediata.

Já as abordagens low code e no code permitem "comprar o hambúrguer pronto", evitando boa parte desses desafios e acelerando o time-to-market. Plataformas low code como Appian, Mendix e Outsystems fornecem ambientes visuais para desenvolver aplicativos rapidamente, com menos codificação manual. Já no code tools como Bubble, Adalo e Glide Apps permitem criar soluções completas apenas arrastando componentes, sem precisar programar.


No entanto, apesar da rapidez inicial, essas abordagens podem limitar flexibilidade no longo prazo. À medida que os requisitos mudam e o aplicativo cresce, pode ser difícil adaptar a lógica de negócio implementada nas ferramentas visuais. Também existe o risco de ficar "preso" ao vendor específico.


Além disso, ainda é necessário considerar onde o aplicativo será hospedado, como lidar com bancos de dados e integrações com APIs externas. Provedores low code facilitam alguns desses aspectos, mas eliminam pouco do trabalho de infraestrutura.


Portanto, encontrar o balanço ideal entre velocity e flexibilidade é crucial. Muitas vezes, a melhor abordagem é combinar hard code, low code e no code. Por exemplo, codificar somente os módulos mais customizados e integrar com plataformas visuais para o restante. Ou usar ferramentas sem código para prototipação rápida e depois reescrever em código para produção.


Independente da abordagem, é essencial investir em uma boa arquitetura, pensando em manutenibilidade e escalabilidade a longo prazo. Equipes multidisciplinares com programadores e especialistas em UX e negócio também ajudam a alinhar agilidade com qualidade. Adotar práticas ágeis, modularizar o código, automatizar testes e deploy contribuem para velocity sem comprometer a flexibilidade.


Em resumo, hard code, low code e no code são opções complementares, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Avaliar cuidadosamente os trade-offs e combinar essas abordagens é o melhor caminho para construir aplicativos robustos e entregar valor de negócio rapidamente. A analogia da hamburgueria ilustra que não existe bala de prata; o ideal é aproveitar o melhor de cada abordagem.

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