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Guilherme Favaron

Uma retrospectiva da minha carreira

Atualizado: 5 de mai.


Sabe quando você chega numa certa idade e começa a olhar pra trás e pra frente… questionando o passado e imaginando sobre as possibilidades do futuro?



Talvez você me conheça; talvez tenha caído aqui de paraquedas; talvez tenhamos convivido por um pequeno período…. Qualquer que seja, te convido a me conhecer e, havendo oportunidade de sinergia, me mande uma mensagem ou comente aqui neste texto.


Minha primeira experiência profissional foi em 2002, com 19 anos, dentro de um laboratório de pesquisa na Universidade (USP - Faculdade de Farmácia). Sabe aqueles nerds que mal sabem conversar, usam óculos enormes, roupas amassadas, que viram a noite no laboratório porque querem fazer tudo o que precisa ser feito em tempo e do jeito certinho? Pois é...


Mas nesse período, eu também atuei de várias formas além da pesquisa e cheguei a presidente da associação acadêmica da faculdade. Durante os 3 anos de minha atuação, realizamos a maior festa da história da faculdade até aquele período, arrecadando recursos para atividades extracurriculares dos alunos. Também, criamos um programa social que contou com 100 alunos durante minha gestão. Com isso, fui desenvolvendo minhas habilidades de comunicação, liderança, organização, disciplina… desde muito cedo.

E valeu muito a pena.


Aquele "nerd"... depois de 3 anos realizando pesquisa, tendo apresentado dois trabalhos científicos em congressos internacionais, recebi o convite para me juntar ao Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) por 6 meses com uma bolsa gorda que na época pagava as passagens, hospedagem, alimentação e sobrava para as baladas. Na volta dos EUA, fui contratado por uma indústria farmacêutica brasileira, a única que produzia (e produz) bolsas de sangue, além de soluções injetáveis: a JP Farmacêutica.


Lembro dos dias de trabalho na JP Farmacêutica, com muita saudade e alegria. Iniciei no departamento de Pesquisa e Desenvolvimento em 2007. Logo em seguida, ainda com 24 anos, assumi também o Controle de Qualidade, sendo responsável por tudo o que entrava e saía da empresa (matérias primas e produtos acabados), além de mais de 30 colaboradores e um milhão de problemas. Lembro que na minha primeira semana como líder (oficialmente), dois funcionários antigos de casa se pegaram na pancadaria. Então, dispensei ambas... só que 1 delas estava grávida e não poderia ter sido dispensada... então voltou para a equipe e precisei trabalhar duro na integração dela, que naturalmente não tinha o apoio dos mais de 20 colaboradores. Foi ai que aprendi realmente o que é o conceito de equipe, integração, colaboração...


Dentre as coisas que posso citar com destaque na JP é que conseguimos desenvolver vários produtos inovadores, alguns dos quais foram patenteados. Um deles, conseguimos levar a mercado com valor 50% inferior ao de menor preço naquele momento, e com uma qualidade muito superior. Inovação de verdade. Tenho ainda guardado em meus documentos a primeira nota fiscal emitida com a venda deste produto (rsrs)! Foi uma nova fase financeira para a empresa. Foi lá também que tive minha segunda experiência internacional, desenvolvendo produtos com uma empresa Colombiana.


Foi neste período que me aprofundei nos estudos sobre Gestão de Projetos na FGV. Fiz meu MBA e obtive minha credencial de PMP do PMI, me tornando o primeiro profissional Farmacêutico a ser certificado PMP no Brasil (kkkk não sei se é verdade, pelo menos não consegui encontrar nenhum outro antes de mim).


Foi então que em 2010 meu futuro chefe na EMS me disse na entrevista: "você é mosca branca". Ele me fez uma proposta irresistível e então fui trabalhar com ele na estruturação do Project Management Office (Escritório de Projetos) da EMS, o maior laboratório farmacêutico do Brasil. Lá eu fiquei responsável pela implementação do sistema de gestão de projetos de novos produtos, nacionais e internacionais, incluindo as fases de desenvolvimento, transferência de tecnologia, registro, marketing, lançamento e muitas outras. Também, eu contribuia na gestão do portfólio global da empresa pela realização de análises de mercado e então, propunha incluir ou tirar produtos dentre os mais de 1.000 do portfólio. Era um trabalho incrível.


Até aqui, minha jornada pode ser descrita como o crescimento de um farmacêutico dentro do mundo da inovação, desenvolvimento de produtos e marketing em indústrias farmacêuticas. O capítulo seguinte fala da primeira grande mudança de carreira que passei.

Aos 29 anos, a AES Brasil, uma empresa de geração e distribuição de energia, fez o convite para me juntar a eles. Mas como assim? Você vai atender no ambulatório deles? Era a pergunta que me faziam na época. Na verdade, cheguei nesta empresa com uma missão nada simples: trazer um approach diferente para velhos problemas em um ambiente exclusivamente dominado por engenheiros. Que experiência maravilhosa… desenvolver soluções para problemas antigos em um ambiente altamente conservador porém com profissionais de maior gabarito... e com entregas de altíssimo nível, trazendo uma abordagem nova e consistente. Posso dizer que deu certo pois ao longo do caminho fui promovido e assumi a responsabilidade pela originação de projetos e execução de um orçamento anual de R$100 milhões.


Foi aqui que realmente senti na pele a inovação e tudo o que uma empresa pode alcançar com pessoas inteligentes, motivadas e comprometidas. Realizamos projetos premiados e implementados mundialmente trazendo reduções de custo para a organização em escalas de milhões anualmente.


Foi neste período também que fiz meu segundo MBA agora sobre Gestão da Inovação Tecnológica na Unicamp. Um curso excepcional que recomendo a todos que querem ter um reset de sua abordagem sobre os problemas das empresas e o desenvolvimento de produtos e soluções. Sem falar que lá fiz amigos que carrego até hoje...


Depois de anos trabalhando na AES Brasil, recebi uma proposta de me juntar ao GRI Club, um clube global de executivos dos mercados imobiliários e infraestrutura. A empresa é Britânica mas havia chegado a pouco tempo no Brasil e estava em franco crescimento.

No GRI Club, registro a segunda e terceira guinadas em minha carreira.


Em 2015, cheguei no GRI Club com a missão de estruturar os processos internos pavimentando nosso crescimento, algo que eu nunca havia feito na vida. Como tinha muita bagagem com liderança e desenvolvimento de produtos, processos e gestão de pessoas, inicialmente assumi o departamento de Recursos Humanos. À medida que fui ficando à vontade longe dos projetos e mais próximo dos processos, em dois ou três meses, com o sucesso das entregas, assumi a gestão de outras áreas tais como o departamento Financeiro, Marketing e Design, Business Intelligence, Tecnologia da Informação, Gestão de Projetos e Operações, além do próprio RH.


Foram 3 anos trabalhando intensamente na estruturação do Back-office do GRI Club globalmente. Trouxemos para o Brasil, a partir do Reino Unido, toda a estrutura operacional da organização, além de expandir globalmente para novos escritórios comerciais. Migramos para o Brasil todos os departamentos, conseguindo uma redução de custo que permitiu crescermos com muita solidez e alta performance financeira. Neste caminho entrevistei mais de 1.000 pessoas (de todos os níveis), de muitos países, tanto para atuação no Brasil como fora. Também, implementamos vários sistemas para profissionalização e gestão da nossa performance, tais como o nosso atual CRM (Salesforce), o sistema de Gestão de Projetos (Wrike), fizemos upgrade do sistema financeiro (SAGE), implementamos sistema para Gestão de RH (BambooHR), implementamos o sistema para melhoria de processos de marketing (SemRush), e muitas outras ferramentas. Saímos de 30 colaboradores em 2 países e fomos para 200 colaboradores em 5 países. O faturamento e número de clientes cresceu proporcionalmente.


Foi então que aconteceu a terceira guinada em minha carreira, entre 2017 e 2018. Um movimento vertical e horizontal, simultaneamente.

Após alguns anos liderando o Back-office, me senti estimulado para um novo desafio, em uma empresa chamada Smartus. A ideia de criação desta empresa não foi minha mas todos os passos para criação do modelo de negócio, assim como definição de produtos e precificação, estratégias comerciais, ferramentas tecnológicas, estratégia de marketing digital, formação da equipe, sim. E foi demais. Uma experiência inesquecível e de muito orgulho. A Smartus é uma empresa de eventos regionais focada no mercado imobiliário brasileiro.


Esta empresa saiu do zero e passou da casa dos milhões em faturamento em apenas 08 meses. Um crescimento vertiginoso cuja principal estratégia era fazer o simples muito bem feito, baseando-nos nas ferramentas de marketing digital, que ainda eram pouco exploradas antes da pandemia. Exploramos com muita eficiência o inbound marketing, produção de conteúdo digital, automações de emails, estratégias para maior geração de tráfego, eficácia nas conversões de visitantes, otimização de site e páginas para SEO, remarketing, entre muitas outras.


Com o sucesso da Smartus, somada ao momento da pandemia, a empresa foi absorvida pelo GRI Club, junto com toda a equipe, além dos produtos Smartus. Nesta absorção, assumi a posição de CMO no GRI Club, liderando a frente de marketing digital. Desde então, nós criamos uma plataforma digital do zero que permitiu crescermos na pandemia. Conseguimos em poucos meses transformar o negócio que era 100% físico/presencial em digital e, não apenas isso, crescer com este movimento. Aumentamos 10x o número de membros (clientes) e saímos de 15 países de atuação e agora estamos em mais de 100.


Olhando minha carreira nesta confortável posição que estou, posso resumi-la da seguinte forma: atuo como CMO em uma multinacional Britânica, sendo responsável por planejar, desenvolver, implementar e monitorar a estratégia geral de marketing e brand do negócio. Para conseguir ser efetivo em minha posição, contei com a bagagem de muitos anos de experiência nas empresas em que atuei e as grandes mudanças de carreira que vivi me tornaram mais capaz e resiliente para entender e solucionar os desafios que encontro.


Dentro dos +6 anos de experiência que tenho no mundo do marketing digital, consigo afirmar que estou confiante que marketing digital é um dos caminhos para muitas empresas crescerem e prosperarem neste novo mundo digital, que só está engatinhando. Empresas que desejam prosperar e ter crescimento acelerado e consistente precisam incorporar conceitos e práticas de marketing digital no seu core, independente de atuarem fisicamente ou digitalmente, por exemplo: SEO, Mídias e Redes Sociais, Mídias Pagas (Anúncios), Web Analytics, User Experience (UX) e Design, Automações de Comunicações com Clientes (Bots, E-mails, etc), Inbound marketing, Produção de Conteúdo para geração de leads, Sucesso do Cliente (Customer Success) e técnicas de Growth.


Apesar de atalhos serem tentadores, não há nada que substitui um trabalho consistente e bem feito. Qualquer que seja sua empresa, você vai precisar se comunicar consistentemente, vai precisar mostrar o seu valor antes de vender seu produto, vai precisar ser admirado antes de qualquer compra... ou seja, vai precisar de marketing digital, pode apostar.


Atualização deste artigo:


Recentemente concluí um mestrado em Marketing pela London School of Design and Marketing. Minha tese e base de estudos foi na inteligência artificial transformando o marketing nas organizações. Assim que finalizar os trâmites burocráticos, atualizo este artigo e disponibilizo aqui o link da minha tese.


Em paralelo, estou na metade final do curso de graduação de Ciências da Computação. Estou apaixonado e só me arrependo de não ter feito esse curso antes rsrs,


Sobre os próximos 30 anos, sinto que vou continuar trabalhando focado em tecnologia, inovação, transformação digital... pois me sinto em casa e muito à vontade tanto quando estudo como quando boto a mão na massa. Agora, com meus 40 anos de idade e mais de 15 anos de carreira, me sinto com a energia dos vinte anos e a experiência dos 45.

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