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Guilherme Favaron

A mente vencedora: lições do Tênis para a vida

Atualizado: 5 de mai.


Dois tenistas conversando sobre o tênis e a vida
Dois tenistas conversando sobre o tênis e a vida

Eu sou amante do esporte chamado Tênis, que se joga em quadras de saibro, cimento e grama. Amo tanto jogar como acompanhar tudo o que acontece no mundo do Tênis.


Desenvolvendo essa minha paixão, estudei e estudo muito sobre o lado mental do Tênis, da estratégia do jogo, e sempre jogo muitos campeonatos amadores. E com isso, como tudo aquilo que praticamos intensamente com paixão, encontramos correlação com as importantes situações da vida.


Recentemente estiver conversando com um amigo meu que perdeu dois jogos que estavam praticamente "vencidos" com viradas estranhas, tipo aquelas que ele estava vencendo 6/4 e 5/1 e o adversário vira o jogo. Baseado nestas conversas, assim como nos meus estudos e até na minha experiência própria no Tênis, escrevi o texto abaixo nas nossas trocas de mensagem no WhatsApp. Como o texto ficou consistente e bastante real, tomo a liberdade de publicá-lo aqui no meu site. Espero que seja útil para outras pessoas também.


Amigo, no tênis não existe "segurar", "de boa".

Existe foco e fazer o seu melhor a cada ponto.

Sua cabeça tá te trapaceando.

Vc precisa ficar com sua cabeça e focar em cada ponto, sem pensar no set, no jogo, daqui pra frente vai ser assim, assado...

Vc só pode pensar no jogo todo depois q o jogo acaba. Você só pode ficar feliz por uma possível vitória ou triste por uma derrota depois que o jogo acabar. Não pode pensar em nada disso antes.


Jogador de tênis é que nem barco, demora pra ganhar velocidade, e depois que ganha, precisa manter o ritmo apesar das ondas. Nem todo tempo você estará na sua velocidade máxima, afinal, precisa lidar com as ondas que vêm ao seu encontro. Por outro lado, quando você reduz o ritmo, é difícil ganhar velocidade e ritmo novamente.


Jogador de tênis precisa entrar em um jogo com a cabeça "vou f*der esse fdp", lógico que com ética e honestidade. Querer muito ganhar, querer muito vencer, é o que deixa o Tênis muito mais difícil e muito mais recompensador. A pior sensação que se pode sentir é de não ter feito o seu melhor quando poderia. Claro que tem gente que abusa disso… diz que uma bola foi fora quando na verdade foi dentro… etc, mas isso ai é anti-ético antes de mais nada.

Também, "vou f*der esse fdp" não tem nada a ver com respeitar e tratar o outro bem. Mas eu recomendo que durante o jogo, não fique conversando com o adversário, não elogie a bola do adversário, e comemore cada ponto seu, mesmo que seja em cima do erro do outro, afinal, ele errou uma bola que você colocou para ele bater. Isso te mantém focado no seu objetivo, seu propósito.


O que difere os que vencem é a coragem de fazer o que é certo na hora certa.

Segurar o braço, não bater quando deveria, querer encurtar os pontos com uma curtinha… são coisas que 100% dos jogadores pensam (amadores e profissionais). O que difere os que vencem é a coragem de fazer o que é certo na hora certa. Alongar pontos, trocar bolas de consistência na linha de base, dar winner só na bola de confiança, trocar bolas até o adversário te puxar para o T, fazer o cara se deslocar na horizontal e vertical… sempre, com consistencia, ponto após ponto, é o que te faz ganhar jogos.


A maior bobagem que um tenista amador pode pensar é: ganha quem acerta mais winners. Não, não é verdade. Pensar em ganha quem erra menos é uma abordagem parcialmente correta. A verdade é que... ganha quem fica mais no ponto, quem sobrevive à mais uma bola, quem sente o jogo e o spin da bola e se permite jogar o jogo para ganhar, ponto após ponto, saque após saque, backhand após backhand, slice após slice…

Ganha quem se permite errar. Ganha quem se permite acertar. Ganha quem se permite vencer.


A quadra de tênis é um lugar especial, mágico. Funciona muito bem como uma metáfora da nossa vida. No seu trabalho de vendedor, você não vende na primeira ligação. Você ouve, você conversa, devolve uma mensagem, espera a resposta, responde um email deixando brecha para o cara perguntar, até que você está numa posição confortável que o cara já não tem pra onde ir, a venda é sua, especialmente porque você o encurralou e ele percebeu que precisa do seu produto.


Ao contrário do que parece, praticamente não existe venda com uma frase. "Nossa, falei isso e ele comprou". Acontece, mas não é o padrão. Winner não é sempre que a gente dá.

Tênis é um esporte de resiliência. É o que mais te exige isso.

E o Nuno Cobra (preparador físico do Senna) dizia que a cabeça molda o físico assim como o físico molda a cabeça. Se esforce para vencer no tênis. Isso vai te ajudar a vencer na vida também.


Mas assim como na vida, o tênis não premia o melhor

No tênis, vencer é pra poucos, afinal, um Grand Slam tem 128 jogadores e somente 1 não perde nenhum jogo. Na vida, não é bem assim… tem espaço para bastante gente.

Mas assim como na vida, o tênis não premia o melhor. Não é o melhor que vence.

Quem vence é o mais resiliente, quem aguentou mais, quem venceu os pontos mais importantes na hora certa.


Não há nada pior do que sair de quadra sem a sensação de "missão cumprida". Na vida é a mesma coisa. Quando você chegar aos 70 anos precisa olhar para trás e pensar: eu fiz o meu melhor em cada um dos momentos da minha vida. Se não for assim, a tristeza vai te abater.


Ontem o Felipe e eu travamos uma batalha dura. Jogamos 1 set (6/4)... mas neste set que durou mais de 1h tivemos dois games com mais de 10 deuce. Meu pé estava doendo muito (fascite plantar) mas eu queria muito vencer, por mim, pelo tanto que eu treino, porque eu sou capaz, porque xxx, porque eu queria mesmo. Afinal, eu tenho o direito de vencer, assim como ele tem também.

O Felipe talvez mereça até mais que eu, quem sabe… mas pra nós dois sairmos satisfeitos da quadra, dando a mão um para o outro parabenizando reciprocamente eu tenho certeza que ele jogou pra vencer com tanto afinco quanto eu. Ele jogou duro. Mas dessa vez o tênis me premiou. Foi um resultado justo? F*da-se, fiz minha parte, venci. Igual na vida… a vida é justa? Não importa, importa é sua batalha e sua vitória.


Forte abraço,


Guilherme

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