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Guilherme Favaron

Inovação: "missão" ou "visão"?

Atualizado: 24 de out. de 2023

Quando converso sobre inovação com executivos de diferentes empresas, em um bate papo descontraído, frequentemente aparecem questões que são comuns, independente do porte da empresa e do tipo de abordagem que dá ou gostaria de dar à inovação. Pequenas, médias ou grandes empresas, nacionais ou internacionais, multinacionais ou não, de capital aberto ou fechado, instituições de Ciência e Tecnologia, entre diversas outras, tem grande dificuldade de botar para fazer a inovação acontecer.


Dentre estas organizações citadas, estão as com maiores dificuldades, que argumentam que faltam competências, tecnológicas ou não, faltam recursos financeiros ou humanos, dificuldade de fazer considerando os riscos de insucesso, baixa aceitação da “ousadia” pelos executivos, outras prioridades da organização, excessiva carga tributária, dificuldades de importação e exportação...


Por outro, estão inúmeras que conseguem inovar em seus processo ou alcançar o mercado com produtos inovadores e com maior ou menor grau, utilizar para projetos inovadores, incentivos fiscais, obter recursos humanos e financeiros subsidiados, mitigar riscos compartilhando-os com outros players, entre muitos outros.


A meu ver, a grande diferença entre as empresas que inovam ou não, não está no tipo de business que ela se encontra nem no cenário competitivo que está inserida. Por exemplo, mesmo empresas altamente reguladas (monopólios regulados, por exemplo) possuem um amplo espectro de possibilidades, passando por inovações em processos (envolvendo ou não nova tecnologia), novos produtos (mesmo que seja um produto cujo primeiro cliente seja a própria empresa) ou até novos negócios ou modelos de negócios.


Achar que inovar é ter uma boa ideia é um grande equívoco. Inovação só é inovação quando traz resultados tangíveis e/ou intangíveis para a empresa como, por exemplo, o aumento da receita, redução de custos ou melhoria da relação com seu público de relacionamento, entre outros. Ter uma boa ideia é ser criativo, inventivo, o que muitas vezes é importante para se construir uma solução inovadora. E para ir da ideia até chegar a um resultado, precisa de muita “coisa”, que são algumas das barreiras que as empresas enfrentam ao longo da trajetória da inovação.

Um grande problema que enfrentamos em empresas aqui no Brasil, e em alguns países no mundo, é a cultura do imediatismo. Nas competições entre: prioridades de curto vs longo prazo, e necessidades de curto prazo vs outras necessidades do negócios... nessas, sempre quem leva melhor é o curto prazo. Claro que esta decisão não é tão rasa e há inúmeros fatores que são levados em conta, porém, o que sempre vejo como decisivo é o resultado em menor tempo, mesmo que o impacto na organização da opção de longo prazo seja menor ou menos significativo, por exemplo.


Quando a organização olha para a inovação como tema crítico à sua competitividade, que permeie todos seus drivers estratégicos, ela começa a vislumbrar a possibilidade de sucesso nessa longa trajetória da inovação e na busca por seus resultados. Ao fazer isso, ela passa a gerenciar seu negócio como frentes estratégicas cujas ações são traduzidas em projetos inovadores e não inovadores, a partir do desdobramento de sua estratégia do negócio em uma estratégia para a inovação, conseguindo gerar/criar melhores projetos, que sejam mais impactantes para a organização e seus resultados; executá-los de maneira mais assertiva, com fácil adesão a times multidepartamentais, assim como explorar a sinergia entre estes projetos; aproveitar sua rede de relacionamento e “crowdsource”; desfrutar dos incentivos governamentais, incluindo a captação de recursos subvencionados; formar a capacitar seus líderes com um viés empreendedor, com foco, determinação e resiliência; reduzir os riscos de insucesso; aumentar seu potencial competitivo; entre inúmeros outros, otimizando a utilização de seus recursos, humanos, financeiros e capital intelectual.


Enfim, inovar depende muito mais de “querer” do que de “poder”. Trata-se de uma questão de “visão” e não de “missão”. Toda organização pode e, no Brasil, muitas empresa já encontram um ambiente propício, na verdade. E algo que é certo: a inovação definitivamente entrou na agenda dos executivos brasileiros. Os governos federal, estaduais e até municipais se esforçam para criar um arcabouço de estímulos, apesar de termos muito a conquistar ainda em termos de incentivos, articulações e ações estruturadas. Está na hora das organizações arregaçarem as mangas, munirem-se de informações e “partir para o gol”.

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